Às vezes me pergunto o que estou fazendo? Por que cargas d’água estou aqui? Que Evangelho estou vivendo?
Nos jornais, sangue inocente.
Nos lares, solidão.
Nas clínicas, depressão.
Nas igrejas, inércia.
Sei lá...
Às vezes me pergunto o que estou fazendo? Por que cargas d’água estou aqui? Que Evangelho estou vivendo?
Jovens são tragados pela violência urbana.
Meninas se prostituem e geram filhos de forma precoce.
Pais e filhos estão perto, mas jamais estiveram junto.
Bares vivem lotados. Onde pessoas se amontoam. Sobram vícios, falta vida. Vibram as cervejarias, choram desolados centenas de esposas e filhos abandonados.
Em quartos escuros ou fétidas esquinas, homens e mulheres se enchem de pó enquanto perdem a dignidade e a esperança! Nas prisões, olhos petrificados, vazios, almas já desalojadas de corpos física e emocionalmente violentados. Dura realidade, em que a vida há muito tempo se foi, mesmo antes do ranger das correntes e do encerrar do cárcere...
E, no meio desse caos, hospitais e laboratórios engordam suas já volumosas contas bancárias e diversificam seus investimentos na mesma proporção em que pessoas não mais controlam suas emoções, perdem o rumo da própria estória e já não conseguem discernir onde e quando perderam o próprio coração.
Lado outro, igrejas pipocam a cada esquina.
É uma atrás da outra. Tem para todo gosto. Para muitos virou um excelente negócio. Assim como os sindicatos um dia foram, as igrejas agora são um caminho fácil e bastante atrativo para a vida política de apóstolos, pastores, bispos e outros cargos sacerdotais.
É Anglicana, Pentecostal, Assembleia, Presbiteriana, Batista, Neopentecostal, Carismática e tal. Mas, enquanto alguns mais se preocupam com doutrinas (não necessariamente em conformidade com os ensinos de Cristo), mostram-se sedentos de política e famintos por cargos, benesses, jantares e reuniões com segmentos da “alta sociedade”, parecem simplesmente se esquecer do valor de uma vida para Jesus.
Em meio a coquetéis e eventos de grande vulto, parecem ter se esquecido que seus alvos são, ou deveriam ser, vidas; não bens, posição ou projeção. Parecem ter se esquecido de que o Jesus de que tanto falam, muitas vezes em cima de carros de propaganda eleitoral, veio para os doentes, famintos, pobres, rejeitados, pecadores, adúlteros e outros tantos escravos do pecado.
E nós?
Quanto vale uma vida para você?
Ainda nos lembramos o preço de cruz que foi pago ou também já nos esquecemos?
É preciso relembrar, pois a forma como vidas vêm sendo tratadas e os alvos das igrejas têm sido modificados têm provocado efeitos devastadores.
É possível ver igrejas completamente vazias. E redondamente se engana quem pensa que esse vazio guarda relação restrita a número de pessoas. Longe disso.
Afinal, há cultos que chegam a contabilizar 1.000, 10.000, 50.000 espectadores. São transmitidos por canais de TV e vídeos que “bombam” na internet e podem ser vistos entre uma ou outra espiadinha no resumo do BBB1500, ou entre uma e outra “curiada” em vidas que não são suas, mas estão expostas no facebook, no instagram e outra redes sociais que mais nos distanciam que aproximam.
Porém, mesmo estes cultos recheados com multidões se mostram totalmente vazios.
Muita música, excelente estrutura e até uma meia dúzia de palavras bonitas. No entanto, é nítida a falta de interação vertical. Falta o olhar para o Alto, sobra o olhar para o palco. Explodem reuniões vazias de verdadeira entrega e momentos vazios de rendição, amor, compaixão e de busca por Deus. Em vez de cultuar, reunir-se semanalmente em prol da manutenção de um sistema de poder que vem agraciando sacerdotes com mandatos políticos.
Em muitos lugares, Jesus deixou de ser figura central para ser um mero coadjuvante. E, assim, pessoas entram e saem dos “cultos” da mesma maneira – atormentados, doentes, desanimados, desesperados, aprisionados. Não há transformação, não há cura, não há libertação, não há salvação nessas pessoas e, por consequência, o mesmo ocorre com seus lares, bairros, cidades, nações.
Vejam.
O fato é que, enquanto líderes tiram os olhos de Cristo e se distraem com os manjares que o Mundo oferece, nossas igrejas esfriam e milhares de vidas se perdem.
E aí eu mais uma vez pergunto: o que estamos fazendo? Por que cargas d’água estamos aqui? Que Evangelho estamos vivendo?
Uma mudança de direção é urgente, antes que seja tarde demais. Mas é preciso coragem. Primeiro, para reconhecer o que está errado. Segundo, para contrariar um sistema já estabelecido, sólido.
Talvez o caminho seja este: nós, igreja de Cristo, começarmos a relembrar de quem verdadeiramente somos. Tornarmos a ter convicção da nossa identidade celestial. Convencermo-nos de que podemos, sim, ser agentes efetivos de transformação em nosso tempo.
Sabe, quero lembrá-lo de algo importante: Você é discípulo de Jesus!
E foi Ele próprio, nosso Redentor, quem afirmou com todas as letras que VOCÊ É SAL DA TERRA E É LUZ DO MUNDO (Mt 5:13-14). Um sal próprio para dar sabor de céu; uma luz própria para mostrar o caminho para o Reino.
O próprio Cristo, querido, diz que é a luz do mundo e que aqueles que o seguem jamais andarão nas trevas, mas terão luz da vida (Jo 8:12). Uau!!!!! Então aquele que é a luz do mundo e tem autoridade e poder sobre terra e céus (estou falando de Jesus!) diz expressamente que você também é luz.
Entende o poder dessa Palavra?
Se entende, comece a agir conforme sua identidade em Cristo.
Pare de se esconder. Seja luz. Exale luz. Seja em sua família, em seu trabalho, no hospital ou na padaria.
Aceite o desafio de transformar, tenha coragem para impactar. Aceite o desafio de aquecer, de levantar, de animar, de ensinar, de curar, de apaziguar, de reconciliar.
E nunca se esqueça: VOCÊ É LUZ, CRISTO TAMBÉM. MAS A GLÓRIA SEMPRE SERÁ UNICAMENTE DELE!
Ilumine e ame vidas.
Isso é amor a Cristo.