Publicado em: 06/03/2025

Trocando em miúdos

“... não perverta a justiça para apoiar a maioria, nem para favorecer o pobre num processo.” (Ex 23.2-3)


“Os fins justificam os meios”. Quem nunca ouviu essa máxima adotada por tanta gente dedicada a manipular histórias, praticar a crueldade e dissimular a verdade?

Deixando de lado se estamos diante de uma ideia original de Maquiavel em conselhos dirigidos a governantes nos idos do século XVI ou perante mera releitura do que escrevera Ovídeo em poemas datados de mais de dois milênios atrás, o fato é que essa forma de ética sob nenhum aspecto se harmoniza com os princípios de Deus.

Fique claro: os fins não devem justificar os meios. Nunca!

Ora, o Senhor nos ensina no texto bíblico que a justiça não deve ser pervertida nem para apoiar a maioria e nem para favorecer o pobre. Ou seja, a política dos meios justificados por fins, de onde extraímos a prática do “jeitinho” como exemplo marcante, não encontra a bênção de Deus nem mesmo quando orientada por nobres fins.

E é exatamente nesse contexto que precisamos avaliar o uso que muitos fazemos de nossa posição, influência, dinheiro ou poder para favorecer alguém em prejuízo daqueles que muitas vezes não estão diante de nossos olhos. Falo da manipulação de uma fila de atendimento no hospital, de uma seleção de candidatos de vaga a emprego, da fraude em uma prova, um desconto indevido, e por aí vai.

Sim, é uma zona cinzenta que muitos fingimos não existir e que, até certo, ponto gostamos que permaneça assim. Afinal, que mal há conseguir acelerar um atendimento de um amigo não é mesmo? Ele precisa tanto, pois a situação é tão urgente.

No caso, o problema é que outros tantos amigos, irmãos, mães e filhos também têm urgência, mesmo que nós não consigamos ou queiramos enxergá-las.

Sei que a verdade muitas vezes é um verdadeiro soco no estômago. Porém, é a verdade que transforma e liberta.

A manipulação, mesmo que seja com a nobre intenção de auxiliar alguém, não condiz com a ética do Senhor, pois, a rigor, significa perversão do que é justo. Mais que isso: demonstra a pouca confiança que temos na justiça divina e no que Deus pode fazer.

Por isso, penso que hoje seja um bom dia para reavaliar os fundamentos de nossas ações/decisões e a forma como temos lidado com o poder que muitas vezes temos nas mãos. Hora de optarmos pelos princípios maquiavélicos ou pelos valores eternos, pois não dá para viver com os dois.


Oremos
Senhor, Deus e Pai, revela ao nosso coração a melhor forma de viver. Faça-nos perceber as armadilhas por trás de falsas filosofias que nos levam a perverter seus santos princípios. Fortalece o nosso caráter e nos dá a fé de que dependemos para aguardar a sua justiça em toda e qualquer situação. Não nos deixa corromper o que é justo, mas nos ajuda a viver à luz da sua justiça.

Assim oramos.

Em nome de Jesus.

Amém!

Deus o(a) abençoe.

Pr. Carlos Allan